domingo, 28 de outubro de 2012

Refletir

"Porra, ele está cantando música de Umbanda!" Esta frase é pronunciada por um "evangélico" com um copo de cerveja, às 1:30 da madruga. Reações: Garçom passa pro gerente, que passa pro dono, que pensa comercialmente, mas se amarra na vibe da capoeira com Umbanda (sim!), este pede ao músico pra falar pro cara que canta dar uma maneirada. Maneirada? O "evangélico" tem todo o direito de não querer conhecer nada da cultura riquíssima deste sistema de crenças, e tem todo o direito de não querer ficar num lugar onde a música o incomode, mas por que criar um clima? Deixar o dono do lugar pensando que vai perder fregueses, o músico pensando que vai perder trabalho... por uma coisa que a pessoa não gosta??? Que terrorismo! Ô, coraçãozinho bom... onde está a tolerância? aquela que você usa para os programas de TV que tocam a música do momento e você diz que gosta (desculpe, mas você pensa que gosta)... tem cada coisa de Deus! A religião do outro não te agrada? O fato do outro não ter religião também te incomoda? Difícil, você! Tá bom, aquele é da sua religião... ah, mas tem uma tatuagem, ouve rock, vai à praia, come carne, não trabalha, trabalha muito, é Fla ou é Flu, fala alto, quieto demais, bebe muito, é careta, é vegetariano, não curte ler... acrescente alguns itens, se desejar... É ISTO O QUE FAZEMOS!!! Na falta de defeitos, procuramos; na presença do que não achamos bom, nadamos de braçada, nos fartamos e ficamos lambuzados! Você, "evangélico" (se estiver aí ainda), percebeu que não é contigo? Só pra saber se posso continuar. Vejo as pessoas (todos nós) com mania de obrigar o mundo a ser como querem. Se eu não curtir uma parada num determinado lugar, posso ir embora sem deixar rastros de intolerância ameaçadora! Posso voltar outro dia, ou pesquisar na internet sobre a atração da noite na casa e comparar com as de outros lugares. Se eu for "evangélico", posso ir tomar cerveja ouvindo gospel às 1:30 da madruga em algum pico... Acredite no que quiser, goste do que gostar, faça o que fizer... tente não interferir na vida alheia se não for pelo diálogo e bons exemplos. Eu sigo tentando. P.S.: Não tenho religião. P.S. (2): Desisti de usar parágrafo no blog, não consigo!

sexta-feira, 12 de outubro de 2012

Points do momento...

Primeiro, leiam o texto do Jaguar (que está levantando polêmicas no facebook): (http://odia.ig.com.br/portal/opiniao/jaguar-o-leblon-de-petr%C3%B3polis-1.495762) Bem... Polêmicas cidade/distrito à parte, gostaria que os donos de casas noturnas prestassem atenção na seguinte frase: "O point do momento é o Bordeaux, onde há música, bons vinhos e queijos. Ao lado, o chope de respeito do Mário, tinindo.". Coincidência ou não, o que ele cita primeiro, quando fala dos motivos que fazem do Borbeux o "point do momento", é a música! Quando vocês darão valor a isto??? Até quando teremos que aceitar o carcomido 100 pra cada, que há anos nos assombra, porque tudo sobe, a carne, o arroz, o feijão, o combustível, a passagem, a escola, a creche... o CARDÁPIO, o ESTILO DE VIDA de vocês... e a música? Quando alguém desmarca em cima da hora, vocês correm atrás de nós com a maior preocupação de não deixar faltar, mas ela, que traz e mantém público na casa, faz o consumo ser maior - inclusive porque nos cobram até o 10%, além de os mesmos preços que se cobram dos clientes (salvo exceções) - sim, a música continua desvalorizada! Em lugares onde a água custa R$ 3,80 (a bem pequena) e o sanduíche mais barato custa R$ 20,00, às vezes os músicos conseguem sair com R$ 80,00, cada um, porque nos fazem a "gentileza" de nos dar 20 ou 25 Reais de consumo, como não há músico que passe horas apenas com uma água (bem pequena) e um sanduíche na barriga... revejam seus conceitos, senhores!

quarta-feira, 3 de outubro de 2012

A corda quebrou! Que corda? ACORDA!!!

Sabe quando você era pequeno e tinha que comer algo que não gostava e não podia levantar da mesa enquanto não acabasse? Pois é, estou daquele jeito, há dias com uma informação que não consigo engolir, preciso cuspir, perdoem-me. Como assim, tem banda em Juiz de Fora tocando a 70 cruzeiros por músico? Como assim, o contratante é a casa de show mais pica da cidade? S I N I S T R O! Acompanhei muita coisa em JF, vi (fiz isso também) as bandas se matando pra chegar ao bar com seus instrumentos (cedo, pra passar o som) e dividindo a portaria com a casa no final da noite, antes de embarcar numa carona ou num taxi, que representava mais uma baixa no cachê, longe de ser um jeito confortável e seguro de ir para casa. Às vezes dava uma graninha. Quando o negócio começou a ficar bom, depois de muita ralação de TODOS (empresários e músicos), os donos do pedaço resolveram que as bandas tocariam por um cachê fechado. Ih, deu muita confusão, claro! Me lembro da última banda local que saiu com 2 mil de lá. Depois, filhão, 500tinhos, e lambe os beiços. Graças às consequências de nossas escolhas, eu já estava a me afastar da cidade, e não vi o crescimento absurdo do império de uns sobre a carcaça de outros. Mas quer saber? Bem feito! Mulher que apanha e não vai embora, é porque gosta, né? Uma pergunta pra você, mulher de malan... digo, músico: Quanto dá a sua comanda no final da noite? Porque sei que você chega muito cedo e sai muito tarde, já que abre e fecha a casa, ou a noite, se preferir. Você chega de carona ou de buzão? Taxi? Ou no carrinho que alguém suou para pagar? E durante a noite (longa), fica só na aguinha a que tem direito? Vai embora como? Posso perguntar dos gastos com a atividade? Cordas, baquetas, cabos, palhetas, ensaios, alimentação e transporte nos dias de ensaios, telefone, tempo, estudo... por 70 cruzeiros???? Não... Sou o quê? Radical, louco, ingênuo? Pois quando usaram um texto meu para falar em greve dos músicos, teve gente pulando alto. Depois, ficaram sabendo de um movimento parecido na capital do estado e, os mesmos saltadores, aplaudiram a iniciativa. Deixei até o blog abandonado por esse tempo todo, pois, na época, não queria me desgastar, não dependo de trabalho na cidade há muito tempo. Hoje, o cara que mais foi contra a ideia da greve já me disse que errou, aprecio sua humildade. Tenho voltado à cidade por motivos pessoais, aproveito e faço um som, até ajuda nas despesas, mas esse tipo de coisa me deixa deprimido. Para não pensarem que em qualquer outro lugar tudo é muito melhor, fiquem sabendo que recusei trabalho no Mangue Seco, mesmo grupo Rio Senarium (sim, no Rio de Janeiro)... por 70 cruzeiros. Bem, o ZicaMu está de volta. P.S.: Jamais esquecerei o quanto aprendi e cresci na casa em questão. Bons tempos. Gabriel Lobo